Desassoreamento: seminário na Assembleia Legislativa gaúcha expõe entraves e omissões do Poder público

"Há uma crítica forte e justa da sociedade de que, após um ano e meio desses primeiros eventos climáticos, ainda se vê pouco acontecendo. É claro que há muita burocracia e que tratar de temas ambientais envolve muito cuidado e é um trabalho de longo prazo. Mas qualquer novo evento climático que possa acontecer preocupa. O poder público precisa estar preparado. E a nossa contribuição é fazer com que esse assunto não apenas seja debatido, que é o primeiro passo, mas também resolvido."
14 de julho de 2025

O seminário promovido pela Comissão Externa da Câmara dos Deputados sobre os Danos Causados pelas Enchentes no Rio Grande do Sul, em parceria com a Frente Parlamentar do Empreendedorismo e da Desburocratização da Assembleia Legislativa, reuniu nesta segunda-feira (14) na capital gaúcha representantes dos três níveis de governo, setor privado e entidades civis para discutir uma das principais demandas do estado: o desassoreamento dos rios e a dragagem da malha hidroviária.

“Há uma crítica forte e justa da sociedade de que, após um ano e meio desses primeiros eventos climáticos, ainda se vê pouco acontecendo. É claro que há muita burocracia e que tratar de temas ambientais envolve muito cuidado e é um trabalho de longo prazo. Mas qualquer novo evento climático que possa acontecer preocupa. O poder público precisa estar preparado. E a nossa contribuição é fazer com que esse assunto não apenas seja debatido, que é o primeiro passo, mas também resolvido”, afirma o Coordenador da Comissão Externa, deputado Marcel van Hattem (NOVO-RS). 

O deputado estadual Felipe Camozzato (NOVO) destacou que o encontro também representa uma cobrança mais firme dos parlamentos federal e estadual sobre a lentidão nas respostas do Executivo:

“Nós já temos amplos diagnósticos, mas temos visto poucas ações. Na reunião de hoje ficou ainda mais claro que falta a questão do zoneamento, da batimetria, que demorou a iniciar sua realização, e da necessidade de termos essas informações concretas para, enfim, encaminharmos as ações de desassoreamento. Há também um contraponto importante, o custo de fazer e o custo de não fazer e aceitar as consequências, que envolve custo em vidas, em prejuízos econômicos, materiais e emocionais. E nós não queremos isso.”

Para o presidente da Associação Hidrovias do Rio Grande do Sul (HIDROVIAS-RS), Wilen Mantelli, há uma necessidade de dragagem permanente, inclusive sob o ponto de vista econômico:

“Há mais de  trinta anos lutamos aqui no Estado por uma dragagem permanente dessas hidrológicas, como ocorre nas principais hidrológicas da Europa, Estados Unidos e Ásia. A falta de serviço de dragagem permanente impede uma maior circulação de mercadorias para o nosso único porto logístico, de Rio Grande, que é um caminho para o comércio exterior. Se o governo não tem recursos, vamos buscar uma solução, privatizar o serviço de dragagem permanente.

De acordo com o diretor de Relações Institucionais da Portos RS, Sandro Oliveira, hoje está se fazendo no Estado uma dragagem como nunca se fez na história do Rio Grande do Sul. 

“Estamos dragando todos os canais da nossa hidrografia e vamos começar o aprofundamento do canal do Porto de Rio Grande. São R$ 731 milhões em investimentos, recursos do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) Já alargamos o canal de Itapuã. Estamos bem avançados nos próximos quatro canais, que compõem o segundo lote, canal do Leitão, Letras Brancas, Curadoria e São Gonçalo. E vamos lançar agora um edital de licitação para mais doze canais. Isso vai fazer com que possamos voltar à normalidade da navegação no Estado do Rio Grande do Sul”, afirma Sandro Oliveira.

Para a coordenadora do Departamento Nacional de Hidrologia, Andrea de Oliveira Germano, representante do governo federal, “não é só a dragagem que vai resolver ou talvez nem a dragagem resolva. Talvez o necessário seja uma intervenção hidráulica. Mas são estudos que levam anos. E não podemos fazer apenas a cada cheia, temos que estudar constantemente, coletar todos os dados e entender o que eles significam.

Relator da Comissão Externa da Câmara dos Deputados, deputado federal Pompeo de Mattos (PDT-RS), afirmou que o tema do “assoreamento precisa ser enfrentado de maneira correta, adequada, com o olhar ambiental, com a preservação, com a valorização, mas com atitude. Do jeito que está, não dá pra ficar”. 

O seminário contou ainda com a participação do Diretor de Relações Institucionais da Fiergs, Diogo Bier, vice-presidente de Infraestrutura da Federasul, Antonio Carlos Bacchieri Duarte, vice-presidente da Farsul, coordenador de relações governamentais da Fecomércio, Adriano Beuren, diretor-presidente do DMAE, Bruno Vanuzzi,  diretor de Relações Institucionais da Portos RS, Sandro Oliveira, secretário Executivo de Crise Climática, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Pablo Souto, secretário de Parcerias de Porto Alegre, Giuseppe Riesgo, deputado estadual, Capitão Martim, Vereador Tiago Albrecht (NOVO) e conselheiro da Sociedade de Engenharia (SERGS), Sérgio Klein.  

Mais notícias

notícias
"Audiências públicas como esta são importantes para expor o nível de maldade e crueldade que está sedo cometido contra seres humanos que merecem direitos como qualquer cidadão. Lamentavelmente, no Brasil, os direitos humanos estão sendo seletivos: aplicados conforme a ideologia ou opinião política de cada um, e não com base nos atos cometidos”.
notícias
“É preciso enfrentar de forma objetiva o problema do assoreamento dos nossos rios. Vamos reunir especialistas e representantes de diferentes instituições para construir caminhos viáveis e seguros para para que os efeitos de futuras chuvas possam ser minimizados. O povo gaúcho não pode continuar vivendo sob a ameaça constante das enchentes”