A Comissão Externa sobre os Danos Causados pelas Enchentes no Rio Grande do Sul realizou, na quarta-feira (11), audiência pública focada na situação do Aeroporto Internacional Salgado Filho e sua importância estratégica para a recuperação econômica do estado. A iniciativa foi proposta pelo coordenador da Comissão, deputado federal Marcel van Hattem (NOVO-RS), e reuniu o governador Eduardo Leite, representantes das principais companhias aéreas do país, além de autoridades dos governos federal, estadual e municipal.
Van Hattem ressaltou que a realização de audiências públicas é essencial para evitar que a tragédia climática no Rio Grande do Sul caia no esquecimento. “Essa dinâmica de debates é fundamental para manter viva a atenção sobre os efeitos das enchentes, que seguem impactando profundamente a vida dos gaúchos. O aeroporto Salgado Filho ainda enfrenta limitações operacionais e na oferta de voos, e nosso dever é garantir que essa pauta permaneça ativa e receba o comprometimento necessário dos governos”, afirmou.
O parlamentar gaúcho também anunciou uma nova audiência pública para o mês de julho, voltada à análise da infraestrutura dos aeroportos regionais, que tiveram papel fundamental durante o fechamento do Salgado Filho, operando voos comerciais, fretados e humanitários.
O governador Eduardo Leite reforçou o compromisso do governo estadual com a reconstrução da malha aérea. “Após quase seis meses de interrupção, os impactos no Salgado Filho ainda limitam nossa integração com o Brasil e o mundo. Nosso papel é articular, incentivar e promover para que as companhias possam operar com sustentabilidade”.
Representando a Fraport Brasil, concessionária que administra o aeroporto, o gerente de comunicação Rafael Guerra destacou a retomada gradual das rotas internacionais: “Já temos de volta conexões estratégicas com Panamá, Lima, Santiago, Buenos Aires, Lisboa e, a partir de junho, Bariloche e Santiago. Isso é essencial para a temporada de inverno, com impacto direto no turismo e na economia gaúcha”.
O gerente da Azul, Camilo Coelho, lembrou os esforços logísticos realizados em meio à crise: “Chegamos a operar voos de carga e humanitários a partir de Canoas, com embarque em shopping — algo inédito no Brasil. Tivemos uma queda de 85% na oferta de assentos no estado, mas já estamos nos aproximando de 150 mil por mês. Estamos avançando, mas ainda há muito a recuperar”.
Já as companhias Latam e Gol destacam que suas operações hoje estão maiores do que o período pré-calamidade.
“A aviação é essencial para um país com as dimensões do Brasil e, neste momento de reconstrução, seu papel é ainda mais decisivo. Em maio, a Latam ultrapassou os níveis de capacidade anteriores à crise, com mais de 309 mil assentos ofertados. E até o final de 2025 alcançaremos a maior malha da história da Latam no Rio Grande do Sul, com crescimento de mais de 25% em relação ao período anterior à tragédia”, afirma o Head de Assuntos Públicos da Latam Airlines Brasil, Eduardo Macedo.
Já o assessor da presidência da GOL Linhas Aéreas, Alberto Fajerman, destacou que em 50 anos de aviação nunca viu nada parecido com a operação realizada em Canoas, mas que a Gol conseguiu reestabelecer a malha e inovar com um novo modelo de voos diretos do interior para São Paulo. “Já ultrapassamos os níveis anteriores à calamidade. Operávamos 560 voos em abril de 2024; hoje são 599, com 106 mil assentos ofertados e novos destinos como Florianópolis, Salvador e Congonhas”, afirmou Fajerman.
Pela ANAC, Eduardo Henn Bernardi pontuou que os efeitos da catástrofe ainda são visíveis e exigem planejamento contínuo: “Vimos um crescimento constante desde dezembro, mas ainda precisamos superar os patamares de 2023. A evolução nos aeroportos regionais também é estratégica, com obras em Santa Rosa e planos para um novo terminal em Caxias do Sul”.
Já o relator da Comissão Externa, deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), destacou a importância de mostrar os avanços à população: “Esse debate é fundamental para o Rio Grande e para o Brasil. Muita coisa ainda precisa ser feita, mas muita coisa já foi feita — e isso precisa ser compartilhado com a sociedade”.
A audiência pública foi marcada por um consenso entre os presentes: a reestruturação do transporte aéreo no Rio Grande do Sul é urgente, estratégica e essencial para a reconstrução do estado.